A Astrologia ajuda a entender melhor o nosso lugar no mundo e o mapa astral (cartografia astrológica, grifo pessoal) pode ser vista como ‘um guia rodoviário da vida, onde se encontrará caminhos suaves e planos, ao lado de outros, com curvas tortuosas, sulcos profundos e subidas íngremes’. (Wickenburg, 1995, p.13).
A perspectiva de uma cartografia integrativa astroterápica é o olhar transpessoal de leitura da personalidade numa proposta somática, emocional, sócioafetiva, cultural, ético espiritual, através de diálogos que se estabelecem na constelação arquetípica da Alma.
Isto diz também dos sinais cósmicos apresentados astronomicamente no momento do nascimento de uma pessoa, e de como cada pessoa pode se reconhecer em tendências comportamentais ditas negativas ou positivas, destrutivas e construtivas. Daí, através de um caminho de autoconhecimento, unindo campos que possam auxiliar na leitura desses caminhos previamente traçados, haver a atualização da caminhada progressiva. Descobrindo e reinventando probabilidades de saída de padrões viciosos e abertura de novas possibilidades de uma qualidade de vida melhor, no bem estar mais duradouro.
Essa dança da vida se expressa nas diversas conexões da rede energética cósmica da qual a humanidade está inserida de modo consciente ou inconsciente, no sentido de visão Heliocêntrica (Centrada no Sol) ou Geocêntrica (Centrada na Terra). Wickenburg, uma pioneira da Astrologia na América do Norte, diz que talvez seja uma lição de humildade compreender que nós, na Terra, não somos o centro do universo. No entanto, somos RESULTADO de nosso universo e esse resultado pode ser observado na relação dos outros planetas com o nosso planeta, a TERRA […] poder-se-ia dizer que estamos trazendo as leis do universo para a Terra a fim de verificar de que forma o modelo cósmico afeta a vida em nosso planeta. Portanto, faremos nossos cálculos matemáticos de acordo com a localidade de origem, considerando esta como o centro de nosso universo individualizado […] existem dois sistemas utilizados na astrologia: os zodíacos tropical e sideral. A Astrologia Tropical é empregada em maior escala no Ocidente […] o Zodíaco Sideral baseia-se, teoricamente, nas constelações. Constelações são agrupamentos separados de estrelas que se estendem até muito além de nosso sistema solar. (Wickenburg, 1995, p.16).
Logo, pensar numa Humanidade composta por seres bioeletromagnéticos e cósmicos, interconectados com todo Sistema Solar, onde o Planeta Terra é uma dos pontos da Rede Cósmica onde orbitam outros planetas e todos em “diálogos” entre si, traduzindo campos menores de energias que são captadas pelo ser humano e traduzidos em formas, que constituem comportamentos é um exercício de desconstrução de paradigmas bastante conhecidos em traduções parciais arquetípicas do formato sócio antropológico matriarcal e/ou patriarcal da humanidade.
Esta perspectiva de atualização transcendente pode ser traduzida no caminho maiêutico socrático, que apresenta uma jornada de perguntas/respostas íntimas onde cada constelação e planetas do zodíaco adquirem qualidades arquetípicas presentes no ser humano, e são interpretadas pela pessoa de modo relativo e particular.
Gammon alude a essa busca de síntese para a autodescoberta humana assim:
Quando você contempla a glória do “Pai na Terra” pode ver como são ordenadas todas as Suas glórias! Você tem observado o Sol em sua órbita? Como obedecem a uma ordem os lugares em que habitam as almas dos homens mesmo em sua própria – na sua própria – compreensão desse sistema solar! Quão ordenadamente acontecem o dia e a noite, o calor e o frio, a primavera e o verão! […] não pode você – como Seu filho – ser capaz da mesma ordem que Ele e esperar as Suas bênçãos? […] quando a alma se desliga dos aspectos nos ambientes materiais, ou na Terra, verificamos que os aspectos astrológicos são representados como estágios da consciência; são-lhes dados nomes, que representam planetas ou centros, ou atividade cristalizada. (Gammon, 1997, p.47).
Desse modo, é possível apresentar que, a Psicologia pode ser auxiliada pela Astrologia, no sentido de que esta primeira se propõe na matriz a reconhecer o comportamento desenvolvido pela alma (Anima), pelo princípio (pneuma) manifesto no Ser humano que chamamos de polaridades masculina e feminina; homem e mulher; yang e yin. Jung declarou: Obviamente, a astrologia oferece muito para a psicologia, mas aquilo que esta última pode oferecer à sua irmã mais velha é menos óbvio. (Arroyo, 2013, p.31).
Nesta ótica de continuidade e descontinuidade da percepção do ser humano, numa proposta de mutabilidade perene, a astrológa cármica Licata, diz que:
A impermanência é a Lei da Vida, não resistir às mudanças é superar o apego e abraçar a evolução. Não rejeitar as novidades é permanecer receptivo ao crescimento […] renunciar é perder o ponto de apoio temporariamente. Não renunciar é perder o ponto de apoio definitivamente. A maioria das pessoas terão apenas existido […] todas morrerão, ao passo que bem poucas terão sabido viver! (Licata, 2000, p.14).
Quando pensamos em cartografia astrológica reconhecemos que ela está repleta de energia arquetípica e se faz necessário integrá-las para se alcançar o processo de individuação (proposta por Jung) e também é fundamental perceber que ao tomar forma, a ideia original (arquétipo) deve passar por um processo de desenvolvimento, e tornar-se mito. Alude Kathleen Burt que, há muitas definições de mito […] um mito é uma história sagrada que explica como somos. Recriamos muitas vezes, o mito por meio de rituais, mesmo que seja apenas para reviver uma memória. (Burt, 2022, p. 17).
Assim, arquétipos e mitos são elementos psíquicos presentes nos estudos das mandalas/cartografias que favorecem a integração dos opostos da roda zodiacal, onde a sombra e a luz da psique se encontram e dialogam com o objetivo de encontrar saída de conflitos, de faltas (neuroses) para a pacificação interior.
E nessa ótica, apresento no escrito Terapia da Alma a intenção de continuidade da autodescoberta do ser humano quando afirmo que me fazendo reveladora de mim mesma, venho reconhecendo as feridas que eu mesma produzi, e me dando a oportunidade de vir me curando de mim. (Machado, 2023, p. 103).
A proposta desta reflexão é o olhar sobre a “Astrologia Ancestral”, que favorece um senso de orientação para além do que se vê ordinariamente, presente nas fragilidades que constituem aspectos de manifestação do ego, constructo temporário e absolutamente necessário no processo de maturação para a Consciência do Self, no projeto de descortinar a janela da Alma e vê o Ser Cósmico, Místico e Profundo que É a centelha do SOL expressa na Terra para um aprendizado singular de retorno a Si enquanto Unidade Viva no Universo.
Por Iara da Silva Machado
Psicóloga Transpessoal; Astroterapeuta
Terapeuta em DMP Deep Memory Process
Guardiã de Rodas “Cuidando do Feminino” (Paraíba & Bahia)
Escritora
CRP13/2262; ALUBRAT 201742
Fontes Bibliográficas:
Um Guia do Mapa Astral. Joanne Wickenburg. Editora Pensamento, 1995.
A Astrologia e as leituras de Edgar Cayse. Margaret H. Gammon. Editora Pensamento, 1997.
Astrologia, Psicologia e os Quatro Elementos. Stephen Arroyo, Editora Pensamento, 2013.
Astrologia Cármico-holística. Eisabeth Licata. Razão Cultural Editora, 2000.
JUNG e a Astrologia. Kathleen Burt. Editora Pensamento, 2022.
Terapia da Alma. Iara da Silva Machado. Ideia Editora, 2023.
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