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Minha experiência no último retiro de Jean-Yves Leloup no Brasil

Por Nathália Fernandes

Ultimamente tem estado em voga uma espiritualidade “de consumo”, na qual se oferece um contato com ideias e conhecimento fora do exclusivamente racional, ancestrais ou iniciáticos, mas sem substância, com rótulos e diplomas que dão ao participante a falsa impressão de que ele “evoluiu” ou é “superior” ao restante da humanidade. Não são poucas as pessoas que caem nessa armadilha, e infelizmente esse tipo de espiritualidade acaba criando grande separatividade, não só entre os ditos “espiritualizados” e o resto do mundo mas também entre o próprio participante e seu lado mais profundo. Armadilhas do ego, como diz um texto de Mooji que circula na internet há tempos.

No último retiro de Jean-Yves Leloup no Brasil, contudo, tivemos uma oportunidade única de experimentar como é ter contato com nossa natureza mais profunda, de forma mais consistente, e fora desse ranço consumista, com grande ênfase no ser e não no ter/mostrar. 

O simples fato de Leloup sempre conduzir uma meditação, um contato com o silêncio, já foi forte o suficiente para me fazer entrar em contato com questões e dilemas que normalmente não ficam muito claros na vida cotidiana – sinal de que não estávamos ali para encontrar o palestrante, mas a nós mesmos. Muito diferente dos ditos “retiros” que pululam aos montes por aí.

O tema do retiro – a integração entre o masculino e o feminino – dava a impressão de que se discutiria muito a respeito de relacionamentos. De fato, esse foi o assunto predominante, conduzido de forma sensível e agregando elementos de filosofia e teologia, sem pudores ou fórmulas fáceis de autoajuda. 

Mas esse tema dava margem a discutir polaridades e polarização de modo geral, e Leloup adentrou esse viés sem perder o foco do assunto principal. Com brilho, o palestrante fez uso de um entendimento recém-desenvolvido por ele mesmo para esclarecer as possíveis causas dos desentendimentos entre as pessoas, de forma séria e que cumpria a função primeira da filosofia: fazer-nos pensar.

Todas as informações que obtive, aliadas ao exercício de introspecção que foi sugerido, mexeram muito comigo e me permitiram uma reflexão profunda sobre questões pessoais. E tudo isso aconteceu mesmo eu não tendo ficado em absoluto silêncio e tendo assumido a tarefa de fotografar os eventos do retiro. Por conta disso, não creio ser demais dizer que a repercussão de Leloup em cada campo individual, naquele final de semana em Atibaia, foi muito maior do que a meramente intelectual, reflexiva.

De minha parte, portanto, o retiro foi muito além das minhas expectativas. É sempre bom encontrar alguém que tenciona nos levar além do batido e corriqueiro. Num mundo de egos e de superficialidade, mergulhar na nossa profundeza é um exercício mais do que bem-vindo.

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