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Arte e Ciência da Felicidade

ARTE E CIÊNCIA DA FELICIDADEVocê já se perguntou o que é a felicidade? Se você sabe o que ela é, mas tem dificuldade em expressar, tranquilize-se, pois há séculos filósofos e pensadores tentam definir o que é esse sentimento.

A complexidade e importância deste tema tornaram a felicidade um assunto de destaque na ciência, revelando-a como um bem necessário à saúde do indivíduo e da sociedade. Neste dossiê, especialistas apresentam informações e pesquisas atuais que poderão ajudá-lo a refletir sobre a felicidade.

A felicidade pode ser classificada em três tipos:
• A felicidade irreal ou falsa
• A felicidade real ou autêntica
• A felicidade transcendente ou incomum

No primeiro tipo está a felicidade como um estado de satisfação momentânea, diante de uma promessa ou de algo recebido. Esta satisfação pode ser fugaz e sem maior consequência. Porém, em alguns casos, provoca ansiedade, raiva, medo de perder ou não vir a ter aquilo que se considera como objeto da felicidade. Pode suscitar uma ambição exagerada e torna-se um gerador de transtornos psíquicos.

Surgem comportamentos destrutivos, justificados como meio para alcançar a suposta felicidade. Ocorre um círculo vicioso de ações que focam somente o princípio do prazer independente dos danos futuros, no plano pessoal ou coletivo. É uma felicidade falsa, irreal.

Simples e sem dor

O segundo tipo, a felicidade real ou autêntica, é descrita por Abraham Harold Maslow em um ensaio publicado no ano de 1964, intitulado A Psicologia da Felicidade, no qual evidenciou a necessidade de se rejeitar a definição convencional e hedonista da felicidade como um simples estado de prazer sem dor.

Maslow revelou aspectos paradoxais da felicidade real, tais como experimentar a inquietação, o desconforto que precede a inspiração, o ato criativo. Ressaltava o privilégio de ter família, amigos, amá-los; isto era felicidade, mesmo que significasse sofrer as dores deles além das suas próprias. Deixou clara a importância de se aprender a viver, a desfrutar, a compreender e sustentar as aparentes contradições próprias da vida superior.

A felicidade real consiste justamente em incluir a adversidade com consciência, ter a clareza de experimentar emoções reais sobre problemas e tarefas reais em vez de se deixar levar em pseudoproblemas, dizia Maslow. Alertava que a felicidade é estar comprometido com tarefas e causas que possuem um significado positivo.

Em suas investigações mostrou que as pessoas felizes aceitavam com otimismo problemas advindos destas tarefas. Sentiam alegria, certo sentido de vocação, com benefícios no presente e no futuro. Denominou estas pessoas de autorrealizadas, as quais usam seus talentos, capacidades e potencialidades para o seu próprio bem e o dos outros.

Podemos sugerir que este conceito de felicidade remete-se à origem latina desta palavra, Felix, que significa fértil, fecundo ou aquele que dá frutos. Talvez assim seja a felicidade real na vida humana. Um processo contínuo de transformação e crescimento.

Psicologia positiva

O conceito de felicidade real ou autêntica também é expresso na Psicologia Positiva, em especial na obra de Martin Seligman. É interessante notar que alguns conceitos da Psicologia Transpessoal são similares aos trazidos pela Psicologia Positiva, tais como o de gratificação, estar comprometido com uma tarefa construtiva e a ocorrência da experiência de fluxo (flow).

O terceiro tipo é a felicidade transcendente ou incomum, que se relaciona às experiências culminantes; são momentos especialmente felizes na vida do individuo, de maior ampliação da consciência. Momentos de êxtase, de experiências além do ego. Coube a Maslow o mérito de inserir na psicologia tais experiências como parte da saúde do ser humano, ao oficializar a Psicologia Transpessoal em 1968, quando era presidente da APA (Associação Americana de Psicologia).

Nestas experiências, o indivíduo sente-se integrado, pleno, harmonizado. Usa todo o seu potencial, não desperdiça seus esforços. Experiencia uma comunhão com a natureza, com o todo, um êxtase, um momento de plena felicidade. Possivelmente, estas experiências estão relacionadas ao antigo conceito grego de felicidade mais intensa, considerada um presente dos deuses e denominada Eudaimonia, a que tem um poder divino.

Os grandes atletas, artistas, criadores, líderes executivos, exibem estas qualidades de comportamento quando genuinamente estão no auge de sua forma. Trata-se de um fenômeno objetivo e subjetivo.

Ocorre também a emergência de valores positivos como solidariedade, bondade, sentido do sagrado, perda do medo da morte e percepção da transcendência (independente de o individuo ser adepto de sistemas ou crenças religiosas). Estas experiências podem durar poucos minutos ou, no máximo, algumas horas.

Saúde física e psíquica

As experiências culminantes mais intensas são raras, porém outras menos intensas são vivenciadas por muitos de nós sem o sabermos, desde a mais tenra infância. Pode-se vivê-las ao contemplar um pôr do sol ou ao se envolver em um projeto, fluindo na vida.

A felicidade real e a transcendente permitem viver o cotidiano e ao mesmo tempo prosseguir com a sensação de testemunhar o mundo sentindo o belo, o milagroso, o poético. Além da saúde física e psíquica, promovem relações mais cooperativas na sociedade e são a base para a construção de uma cultura de paz, para um plano mais elevado da existência humana.

– Vera Saldanha

Para saber mais:
– Maslow, A. H. “The Farther Reaches of Human Nature”.
– Hoffman, E. “Future Visions: The Unpublished Papers of Abraham Maslow”.
– Saldanha, V. “Psicologia Transpessoal”
– Shahar, T. B. “Seja Mais Feliz”

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